Monday, September 22, 2008

Em seus olhos

Ela olhou pela janela com aqueles olhos que viam sonhos. Avistou do penúltimo andar do prédio mais alto da cidade, um novo tempo. E permaneceu com os olhos fixos, como se assistisse a uma história cativante. Era isso mesmo que via. Um novo tempo. Esboçou um sorriso tímido, abaixou a cabeça e, por alguns segundos, pensou se todos poderiam enxegar... Lembrou de seu passado, sorriu para seu presente e desejou ardemente o que estava por vir, mesmo sem saber ao certo. Seria como as estrelas no céu, como as águas firmes embaixo dos pés, como o luz que tira a visão, como a capa que cobre os medos, e a pedra que oferece água. Este é o futuro, tão esperado.

Tuesday, August 26, 2008

A história dele

Soube que era seu. Aconteceu como tinha de ser. Olhou com a certeza de quem adquire algo com seu nome próprio.Não sorriu porque a responsabilidade daquele momento era algo novo e estranho, não lhe cabia sorrir. Também não chorou, segurou dentro da pele a intenção de menino de se esparramar naquela hora. Abraçou com força, com amor, mas não sorriu, esperou até o último minuto por isso. Como suportava, ninguém sabia. O que tinha em sua mente, ninguém entendia e ninguém podia saber mesmo porque essas coisas de herói só se ouve contar, não dá pra saber antes de acontecer. Mas soube que era seu logo no início. E caminhou na vida como se ninguém soubesse. E olhares se voltavam á ele, aguardando o que seria, ou se não seria mesmo nada. Ele sabia. Atrás da farta barba ficava o sorriso guardado, pronto para a hora certa. Servo fiél.

Geração o quê?

Eles andavam de um lado pro outro, assim mesmo como numa frase clichê. Viviam e viviam, e apenas sobreviviam. Falavam, cantavam, contavam que amavam e nada. Nada de verdade. Eles sabiam o que era o nada. Sabiam o silêncio nas gritarias de suas baladas. Eles corriam pra dar certo, num ritmo ensaiado, louco e nojento de quem só sabe a mesma coisa sempre. Sem saber nunca coisa nenhuma. Clichê. Sempre clichê. Geração de quê?

Tudo que eu puder.

O que eu posso prometer é tudo que eu puder.

O que eu posso dizer que farei é tudo que eu puder.

E se for de outro jeito, que o fim seja agora, porque eu vou ser tudo que eu puder.

E se não tiver jeito, se for impossível, se for terrível...tudo que eu puder.

O que eu devo é tudo que eu puder.

O que eu mereço é tudo que eu puder.

E se eu não puder...ainda assim serei tudo que eu puder.

Mas e se ao redor as vozes gritarem que não, se pisarem nos meus sonhos ou pior, e se eu mesma dentro de mim me sufocar?

Então mais do que nunca, tudo que eu puder.

Monday, August 04, 2008

Humana.

Ela sabia de muitas coisas. Mais do que as pessoas geralmente sabiam. E olhavam pra ela e viam uma menina inteligente, não sabiam que na verdade era uma mulher sábia. Ficava em silência na maioria das vezes. Esperava o tempo dizer...ela era só humana. Ouvia com o coração, entendia com a mente aberta, sofria a realidade como ninguém podia imaginar. Ás vezes pensava que tudo só existia na cabeça dela...ficava mais fácil de levar. Mas ela sabia...Sabia como é o mundo, como são as pessoas, e sofria sozinha, sua cabeça doía de tanto amor oprimido, de tanta vida presa, de tanta história mentirosa. Não existia nada que detestasse mais do que a mentira. Era sua pior inimiga, e caminhava com ela, lado a lado. Ela era só humana. Mas calma menina, isso tá tudo na sua cabecinha! Só ela sabia e sua cabeça doía.

Psiu...

É sempre difícil começar. É sempre essa mistura de tanta coisa querendo ser vomitada no papel, mas alguém sempre tem que ser o primeiro, um pé atrás do outro, como tudo na vida. Continuar também não é fácil não, mas o que é então? E se tudo fosse, que graça teria a conquista? ih to filosofando barato...bem barato. É que faz tanto tempo que os personagens não saem da minha cartola que tá todo mundo tímido, escondidinho, quieto, esperando quem vai ser o primeiro. Sabe aquela ansiedade de criança, que tá louca pra pular na piscina, mas só vai depois que o amiguinho vai primeiro? O bom é dar esse primeiro pulo, ser pioneiro, até nas coisas mais simples. Mas nesse mundo de sistemas viciados é TÃO difícil ... e aquela sensação boa de conquista fica tímida, ás vezes fica presa, ás vezes fica triste, porque deveria ser mais fácil, no plano inicial tudo era mais fácil. Como será? Como será que seria se tudo aqui da cabeça fosse possível de uma só vez? Se a gente pudesse colocar em prática nossos sonhos mais brincalhões, mais impossíveis, nossos sonhos mais brilhantes... E como seria de o mundo fosse um amontoado de sonhos, voando por aí porque afinal de contas eles seriam livres. E se o mundo fosse povoado de gente feliz que caisse de dar risada do sonho do outro que ia estar ali, na frente de todo mundo, pra todo mundo ver. E se a vida fosse simples assim.

Sunday, June 29, 2008

Em lugares distintos eu tinha vontade de escrever. Aquela vontade boa de expressão, de comunicação, e com tantos sentimentos e sensações pra gritar no papel. E foram suas letrinhas curiosas que me fizeram escrever este aqui. A frase com vontade de ler alguma coisa minha, como só você tem. No meio do dia, na hora nenhuma "ué você não escreve mais?" tinha que ser você, indescritível.
Sempre você, me lembrando sonhos e me fazendo viver numa dimensão que eu não conhecia. É esse nosso amor. Desacreditado, criticado, invejado. É esse nosso amor, de Deus, que nos surpreende a cada olhar.
As palavras sempre ficam poucas. E eu tento toda vez... mas elas sempre ficam poucas...
Amor

Tuesday, May 27, 2008

Pra quebrar minhas vontades

Não são nessas músicas que vou encontrar. Não dá pra cantar algo que mal consigo descrever. São ilusões. Falhas e vazias, com montes de palavras em acordes que gritam o silêncio do meu estômago. Não dá pra traduzir o sentimento: de português para inglês, de espanhol para italiano, de grego para a sua língua. Não tem jeito. E os livros contam histórias e mais histórias, nas telas sonho com as emoções, lá, bem na minha frente, pra grudar os olhos, mas impossível de tocar ao vivo e a cores. E escrevo, componho, filmo, toco, ilustro, interpreto, improviso, pinto, desenho...nada. Não se compara. Tudo ilusão. Você é de verdade. Você existe com tudo isso que eu não consigo explicar. E falho na tentativa louca de te engolir, de te ter dentro de mim o tempo todo. É loucura eu sei, é coisa da carne com fome, é um monte de coisas dentro de mim. É você com os pés grudados no chão quando se trata da minha pessoa, cheio de dedos, pisando em ovos, limpando porcelana ...caríssima, sou eu pra você... E eu querendo que você me jogue no chão de vez enquando. Nâo tem jeito de explicar, não tem sentido escrever, não tenho mais nada no que diz respeito a isso tudo, só um monte de amor, um monte de vontade, um monte de sonhos, um monte de idéias, um monte de sensações, montes e montes...aqui guardados comigo.

Sunday, May 04, 2008

Manifesto do meu coração

Na tentativa de algumas palavras, o lápis se posiciona pronto para desenhar. Um belo retrato, um belo sorriso, pode pintar qualquer coisa que não seja verdade. A verdade está me cansando. Tento com força, mas com uma preguiça enorme de mergulhar em mim. A verdade está me dominando. Rabisco descompasado, cuspindo tudo em linhas vazias, preenchendo espaços com nada, porque a verdade não tem me contado nada de novo. Desligo o raciocínio comum, danço entre os pensamentos na tentativa de um ritmo que me desperte, em busca de uma única sílaba que me diga que a verdade não está morta. Palavras negras invadem os parágrafos, assustam as idéias, escondem os sentimentos mais sinceros, bagunçam o que poderia ser um manifesto do meu coração. Talvez façam parte deste texto, o bem e o mal, ou o bem e sua ausência, ou outras tantas teorias. Deixam as letras menos artísticas, mais acadêmicas, nessa mistura que sou eu. Eu que começo poética, passo por melancólica, rebelde, e desabafo em objetividade adquirida através da verdade que é a vida.

Wednesday, January 02, 2008

Carta

Arranquei meu coração daquele altar, ainda pulsando com força, com vontade de viver. Sujei minhas mãos com um sangue que já não era meu... e chorei ao sair levando a única coisa que realmente importava pra você. Foi num quartinho escuro e úmido que o deixei guardado, enquanto procurava algum outro lar do lado de fora. Eu precisava que você entendesse que não queria tirá-lo de lá... precisava de algum jeito te dizer que sou grata eternamente pelo sopro que me deu. As palavras me falham e se misturam com as lágrimas e a vontade que queima no meu peito. Com tantas tentativas de roubo, o quartinho tinha uma porta mais segura do que eu pensava. Foram chutes e gritos insanos, foram machadadas e pancadas desesperadas para me roubar aquilo que devia estar derramado aos seus pés. Não fiz nada para impedí-los, não segurei ninguém na entrada, todos puderam chegar até lá e fazer sua tentativa. Meu seguro estava nas manchas que aquele sangue deixou pela porta. Os discursos eram sedutores, as sensações eram novas e prazeirosas, eu ia até eles e dizia "Vamos lá...!" talvez eu quisesse ser conquistada. As coisas ficariam menos doídas porque assim, eu abriria aquela porta e aquela responsabilidade não seria mais minha.
Te visitei algumas vezes. Entrei com a vida cheia de experiências e o peito vazio, acho que queria apenas ouvir sua voz de vez enquando, pra levar uma notícia ao meu coração. E continuou pulsando, continuou batendo e querendo arrebentar a caixinha onde eu o tinha colocado. Bateu, bateu, e o barulho exedia aquela cela. Começou a queimar, e queimava mais do que aquela fornalha. A vontade de vida era tão grande que aquela pedra teve que se mover e ele saiu de lá. Você conhece bem essa história, e é por isso que estou escrevendo. Pra te dizer que meu sangue acabou e meu coração foi buscar mais onde ele sabe que vai encontrar.