Monday, January 29, 2007

Real assim

Eu chorei todas as dores da vida e vomitei tudo que tava me enchendo o saco. Eu dancei sem coreografia, tirei as sandálias e joguei pro alto. Eu dancei até na chuva, porque a água que caia do céu lavou a minha alma do meu tédio do universo. Eu dei os melhores beijos e eles não tinham fim, porque era aquela boca que eu queria beijar pra sempre, pra todo mundo ver. Esqueci um pouco de tentar ser sempre perfeita e parei de pensar pra ver o que minha mente tinha mesmo vontade de fazer. Fiquei feliz com confirmações de que algumas coisas estavam mesmo no lugar certo e, por mais que eu duvidasse, meu amor não era fachada. Não senti falta de ninguém porque tinha todo mundo comigo, ou ali na pista ou dentro de mim. E por mais superficial que aquilo pudesse ser, não tinha nada de superficial ali, tinha tudo de intensidade. Esqueci que o mundo é todo igual, que tem gente que morre de medo de tirar a máscara em público. Que existem pessoas produzids em série e que na superfície dessa história o povo fica patinando na lama que todo mundo atola. Eu esqueci mesmo porque tava tudo muito bom. Sabe curtir seus amigos o máximo que o fôlego der? Sabe beijar seu amor sem mundo ao redor? Sabe dançar com os pés descalços sem medo de ser você na sua pele? Foi assim, eu na minha pele, e cada um na sua cruzando os olhares de compreensão e cumplicidade. Foi isso e pronto, real assim.

Friday, January 26, 2007

Caçar siri ou enviar um memorando?

Uma era cor de jambo, e aquela cor só tinha naquela pele. Ela morava numa ilha e não sabia o que era escada-rolante. Se quisesse arrumar briga de ferver o sangue era só falar em levá-la dali. Falava com um olhar de criança num corpo formado de mulher "Vamos caçar siri? A gente pode comer aqui na areia mesmo!" com uma empolgação que até dava vontade. Ele olhava desconfiado, com um sorrisinho de admiração diante daquela sinceridade e pureza. Mas é claro que ela sempre ia caçar siri sozinha. A outra morava na cidade grande, sonhava alto como os prédios nas ruas, e parava o trânsito com sua beleza e determinação. Os andares sempre eram pouco pra ela, e seu olhar tinha um brilho que só a realização de um sonho que saiu do papel pode dar. "Me encontra naquele bar com os computadores pra eu te mostrar meu novo projeto!". Ele olhava quieto, pensando que aquela pele clara não devia ter tempo pra coisas fúteis como o brilho do sol. Não conseguia deixar nem uma nem outra. Uma tinha o que na outra faltava. Mas não sabia de verdade, se era nelas que faltava, ou se ele quem não sabia o que tinha.

Tuesday, January 23, 2007

E se...

E se a gente pudesse agora? E se assim de repente a liberdade fosse tão real que desse pra pegar? E quando pegasse a gente sentisse junto alguma coisa estranha, tipo de filme, de alguma coisa que poderia ser muito mais? E se a gente se pegasse muito e descobrisse que não queria mais largar? E se nessa pegação a gente se olhasse e descobrisse o quão nada somos um pro outro e desse vontade de vomitar a superficialidade do nosso filminho proibido para menores? E se então eu te abraçasse e você não fugisse de um jeito educado, e a gente ficasse por alguns minutos sentindo o corpo um do outro sem qualquer terceiras intenções? O que seria de nós se a gente desse um segundo de importância para os nossos sorrisos e se observasse com um pouquinho menos de tesão e um pouquinho mais de cumplicidade? E se gente pudesse ser da gente por mais de uma noite e tirasse os óculos escuros pra conversar? E se assim de repente o proibido fosse possível? E se a gente parasse de dar risada juntos e de algum lugar viesse uma lágrima por saber que nada disso é real? E se ao invés de tirar as roupas a gente tirasse as máscaras e se enxergasse de verdade? E se nós percebessemos que estamos boiando em um barquinho mequetrefe com um oceano de possibilidades logo abaixo dessa nossa superficialidade quente? E se você se interessasse por mais de alguns minutos pelo que eu fiz naquele dia e pelo livro que eu estava lendo? E se eu parasse de jogar e te dissesse o que realmente acho de caras como você? E se a gente pudesse agora tentar ser feliz um com o outro, porque acabamos de descobrir que de alguma maneira essa superficialidade faz falta pra uma vida tão intensa? E se nessa tentativa a gente descobrisse que quem se quer mesmo são apenas nossos corpos e mais nada? E se a gente pudesse gritar um com o outro e continuar com a liberdade de pegar? E se a gente pudesse se chamar de "a gente"? E se a realidade deles não existisse e existisse apenas a nossa? E se eu te desse um beijo que você esperava por toda sua vida? E se o filminho proibido pra menores acabasse num românce meloso e aguinha com açucar? E se a gente assistisse esse filme debaixo do cobertor ou invés de atuar? E se eu me importasse tanto com você a ponto de querer te conquistar só pra mim? E se você se perdesse pelo meu corpo e não achasse mais o caminho de volta? E então se eu te dissesse que nada disso é possível porque liberdade não é libertinagem. O momento do filme passou e as cenas proibidas foram censuradas. O abraço perdeu a vontade e as intensões sinceras. O sorriso perdeu a graça e você nem sabe o que significa cumplicidade. A gente já tem dono e os óculos estão maiores. As leis estão cada vez mais rígidas e o impossível é muito maior que nossas intenções. A lágrima era falsa e a realidade dói na consiência. As nossas roupas são mais bonitas que nossos sentimentos. O oceano abaixo secou e as possibilidades se perderam nas palavras erradas. Aquele dia tem um X e eu já acabei de ler o livro. O jogo virou e eu nem acho mais nada de você. A felicidade mora em outros olhos e eles fazem mais falta. Os corpos querem apenas corpos, não importa de quem sejam. O grito se calou na falta de cuidado. A gente não passa disso. Eles preenchem cada vez mais os espaços. Você não espera por mais nada na vida. O filminho ficou escondido na prateleira sem ser alugado. Está muito quente pra edredon e ator de novela é tudo igual. Eu tenho outras prioridades e você não é um sonho pra eu conquistar. O meu caminho de volta foi trilhado no mesmo instante em que você ousou me tocar.

Monday, January 22, 2007

Conto de fadas X Sua vida fria

Eu queria poder mudar alguns momentinhos da vida. (Algumas coisas não dá pra mudar...)Algumas frases erradas, pontuação mal colocada, palavras que sumiram na última linha. Por que será que foi assim? Estranho, com um final tão sem graça e sem fim...(Talvez porque ainda não tenha acabado essa frase...) E até hoje eu nem sei o que deixei de dizer. (Você disse tudo, eu é que me perdi nas suas palavras.) Eu queria mudar você por uns momentinhos, pra poder voltar naquele em que eu devia ter te mandado calar a boca, ou devia ter ocupado ela com a minha. (Você já tinha me ganhado com ou sem esse beijo.) Aquele abraço que faltou, de que você tinha tanto medo que era até engraçado, podia ele ter mudado alguma coisa? (Era medo mesmo...que bom que você percebeu, e sim, ele teria mudado tudo. Eu não teria mais salvação...) Teve aquele beijo de cinema, lindo e sem gosto nenhum. (Eu tinha que manter as aparências...) Eu devia ter calado sua boca e a minha. Eu nem gostei tanto assim de você, mas perdi uma coisa que me doeu tanto que dói até hoje e você foi tão idiota que nem percebeu. (Se eu percebesse mais algum detalhe seu não saberia mais quem eu era.) Tava com muito medo de eu me apaixonar por você né? (Não...o medo era meu.) De tudo que sinto por você paixão é o menor de nossos problemas, acredite. (Eu queria tanto poder te dizer..) Tudo errado. Os assuntos foram tão errados quanto eu ter beijado sua boca. Eu não devia ter usado você pra isso, te gastei sem pensar e perdi o mais importante. Mas também, por que é que você foi entender tudo errado? (Sua brincadeira mudou meu mundo menina, e você quem não percebeu nada... Sempre preocupada só com seus contos...) Aliás, é disso que eu fiquei com mais raiva, de você não me conhecer nada, nem um pouquinho. (E se eu te conhecesse mais a morte seria pouco pra dor de não te ter. Entenda que é melhor assim. Fique no seu mundo de fadas, com suas histórias contadas, mas por favor, me deixe aqui mesmo, neste mundo frio e mortal, onde um dia sei que minha dor vai cessar.) E se eu pudesse ao menos me explicar e tentar te fazer feliz no meu mundo...(A gente não pode se ter, porque você é das linhas abertas, das conversas sinceras, dessa intensidade quente, desse mundo onde tudo parece brincadeira mas tem essa sensação perfeita de realidade...) Eu fico pensando onde será que você está agora...(Eu fico aqui, dentro destes parênteses, dentro dessa gramática conhecida, acreditando que essa capa me dá ênfase, mas sabendo que me escondo, sem coragem de viver.)

Dá pra apagar?

E naquele momento em que você não consegue mais? Quando tudo que pode fazer é fechar os olhos e desejar que aquela realidade desapareça na umidade que, ao mesmo tempo que enxágua suas dores, te impede de enxergar. E não são necessários? E todos nós não sentimos uma vez na vida? Ou muitas vezes na vida. A vontade de fazer nada. De não procurar um argumento, de não juntar forças pra limpar o sangue e dar mais um golpe. E esse momento não é o mais seu que se pode ter? Não é a morte, mas sua vida toda passa pelos olhos como um filme, e como um filme, as cenas fazem sentido, e você percebe que tudo te levou até este momento, que a culpa é sua mesmo. Mas só depende de você a cena a seguir. Quanto vale o sentimento? Quanto vale uma vida salva? Quanto vale isso tudo ao redor, a natureza e não o que o homem fez, quanto vale? Quanto vale a vida? Porque o mundo está leiloando. Quem dá mais? Quanto vale olhar a ilusão do infinito do mar de cima de uma pedra? Quem fez isso mesmo? Algum artista famoso? Quanto vale? E de dentro dessa angústia de que tudo pode ter acabado por aqui, alguma coisa se move. Alguma coisa faz barulho de ossos se juntando. E será possível? Que barulho é esse? Quer dor no estômago é essa que estou sentindo com tanta força? E no céu azul como só mesmo o céu pode ser, uma nuvenzinha... Será possível? Um barulho de silêncio, que só você pode ouvir. Um chamado? Mas será possível? Um fogo queimando a língua, um gosto de palavras que não podem ser suas. Será mesmo possível? Quanto vale? Uma, duas pedras? Todas as que você puder ajuntar e, ainda não será suficiente. E alguma coisa cai fervendo do céu consumindo o que estiver pela frente. Quem explica? Eu não me atrevo... Mas não ia mesmo acabar? Não era o fim com aquela última sentença? Teve um barulho que interferiu. Teve umas vozes incessantes e até irritantes. Teve uma gente louca e desvairada que exaláva tanta vida que não deu pra morrer não. E quanto vale? Mas não dá assim, pra apagar, jogar fora, fingir que nunca conheceu, não dá? Será isso possível? Tinha umas coisas se movendo, um ar dando fôlego e um sangue puro correndo... Mas que barulho é esse, e quem foi que deixou essa pedra fora do lugar e essa tumba aberta?
Não dá pra medir.

Friday, January 19, 2007

Enrolar de ansiedade

O que é que estamos fazendo nesse estado? Nesse lugar cinza, esfumaçado e sem som. O que eu to fazendo aqui? Nessa pouca luz, úmida de vontade nesse pouco de mim. Essa caverna já me teve por muito tempo, mas tem alguma coisa aqui me faz ficar. Talvez seja o quentinho desses braços, esse escurinho que não me faz ter que enxergar as coisas como elas realmente são, esse espaço que eu tenho certeza que é meu e só deixo entrar quem eu quero, talvez seja isso ou talvez seja você. Talvez eu fique aqui por sua culpa, por esse olhar refrescante, esse toque perdido na minha pele. Esse lugar é seu, assim como eu sou quando estou aqui. O que é que estamos fazendo nesse estado? Ás vezes tento me lembrar de como cheguei aqui e só me lembro de uma outra mulher qualquer, de um outro homem engraçado que esqueci o nome. Como é que deixei você me invadir e mudar meus rumos desse jeito? Eu não tenho mais ventre porque só enxergo você em mim, não tenho mais calor porque fica frio quando você me deixa pra respirar um pouco de outro ar. Eu não tenho mais meu e só enxergo esse embaçado de você. Não sei o que estamos fazendo nesse estado. Eu sei que a culpa é toda minha e das minhas maquiagens, toda minha de me viciar em você e na sua voz no meu ouvido. A culpa é toda desse escurinho gostoso, desses nossos movimentos inesperados. Eu queria perder essa educação, jogar fora esse modelo, vomitar a compreensão e deixar o vento soprar sem nada pra imperdir. Mas o que é que estou fazendo nesse estado? Onde foi que eu parei e de onde foi que você me tirou com as suas razões? Eu não sei de mais nada dentro deste espaço criado, e você ás vezes sai correndo e me deixa aqui com a sensação ainda fresca na pele e eu fico esperando um sinal. Mas quando demora mais que ansiedade da minha garganta eu preciso sair correndo porque esse lugar fica grande, enorme, assustador e cheio com a solidão da sua falta. E eu saio sozinha, suando com a abstinência da sua presença e tentando sumir com o atalho da sua imagem na minha cabeça. E apesar de não saber de nada, de não entender essa permanência minha nessa caverna fria, eu me enrolo nas minhas pernas e aguardo sua respiração pra dar de volta o ar que eu preciso pra viver.

Friday, January 12, 2007

Dono de mim

Eu tenho raiva porque passo horas te odiando, chorando nosso possível final. Imaginando histórias mil que eu poderia viver sem você, corações mil que eu poderia dominar e todos os corpos que eu poderia experimentar. Mas daí você olha pra mim, com a sua cara de dono. Eu nem me lembro no que estava pensando e apenas agradeço a Deus por te ter. Que raiva de você. Eu tenho raiva porque mesmo quando eu estou toda dona de mim, com meus pensamentos formados e minhas idéias tão erradas quanto minhas, vem você com sua voz enfática e cheia de razão. E ainda que não tivesse razão, se as palavras são suas eu sou toda ouvidos. Eu tenho raiva desse teu poder sobre mim, desse amor louco e desvairado que eu sinto no peito. Eu quero morrer quando olho pra você e penso que tenho o homem mais gostoso do mundo, com sua barba mal feita e seus braços que pegam com tanta força de repente, só pra me deixar mais perto de você... Pra você dormir melhor. Eu tenho raiva dessa sua força. Tenho raiva de me excitar com os seus olhos e com os seus beijinhos que me deixam sempre querendo mais. E eu tento, uso de todos os artifícios para me livrar um pouco que seja desse você que impregna a minha vida [tá ouvindo rapaz?? A vida é minha!!] que me envolve e me leva pra lugares tão lindos. Que me deixa sempre sem fôlego só com a idéia de viver sem você. Eu faço de tudo e até tento não acreditar mais na gente, tento mesmo, eu confesso. Penso que não temos mais futuro, que isso não vai pra lugar nenhum. Que nós nos amamos demais e falta se preocupar menos com esse amor e deixar acontecer... Eu penso que nosso tempo já foi e que somos feitos um para o outro, mas não conseguimos nos ter por completo de tanto medo de perder isso. E então estamos fadados a não ter esse relacionamento completo. E eu paro de querer acreditar que isso pode acontecer. Isso fica na minha cabeça até o momento em que eu olho pra você... E por mais que tente te odiar, tente lembrar de quantas vezes você me fez chorar por estar com mais medo que eu, eu só consigo ter uma certeza pura e essencial de que o que eu sinto por você é amor. Simples assim. E de que eu não posso jogar isso fora nem que quisesse e arranjasse bons motivos. Porque mesmo sem saber definir o amor direito, eu sei que ele está aqui, no meu sangue, correndo por dentro de mim inteira, e levando todos os meus sentidos para o mesmo olhar cumplice seu. E eu fico com raiva porque eu quero mais de você e você não me dá, por mais que queira também. Tem esse medo estranho, essa interferência doida que faz tudo que seria perfeito, ser tão confuso. Você não consegue explicar e eu não consigo pensar. Eu preciso desse mais e só insisto porque sei que você tem pra me dar. Eu fico com raiva porque não aguento mais ver os cenários passando e a gente perdendo as histórias bonitas. E também fico com raiva por não ter paciência ou sabedoria para lidar com isso e respeitar o seu tempo. Eu fico com raiva de você, porque eu conto histórias pra viver, e a minha fica tão na sua mão e eu sem ter nem pra quê, porque sou toda sua. Mesmo com raiva.