Friday, January 19, 2007

Enrolar de ansiedade

O que é que estamos fazendo nesse estado? Nesse lugar cinza, esfumaçado e sem som. O que eu to fazendo aqui? Nessa pouca luz, úmida de vontade nesse pouco de mim. Essa caverna já me teve por muito tempo, mas tem alguma coisa aqui me faz ficar. Talvez seja o quentinho desses braços, esse escurinho que não me faz ter que enxergar as coisas como elas realmente são, esse espaço que eu tenho certeza que é meu e só deixo entrar quem eu quero, talvez seja isso ou talvez seja você. Talvez eu fique aqui por sua culpa, por esse olhar refrescante, esse toque perdido na minha pele. Esse lugar é seu, assim como eu sou quando estou aqui. O que é que estamos fazendo nesse estado? Ás vezes tento me lembrar de como cheguei aqui e só me lembro de uma outra mulher qualquer, de um outro homem engraçado que esqueci o nome. Como é que deixei você me invadir e mudar meus rumos desse jeito? Eu não tenho mais ventre porque só enxergo você em mim, não tenho mais calor porque fica frio quando você me deixa pra respirar um pouco de outro ar. Eu não tenho mais meu e só enxergo esse embaçado de você. Não sei o que estamos fazendo nesse estado. Eu sei que a culpa é toda minha e das minhas maquiagens, toda minha de me viciar em você e na sua voz no meu ouvido. A culpa é toda desse escurinho gostoso, desses nossos movimentos inesperados. Eu queria perder essa educação, jogar fora esse modelo, vomitar a compreensão e deixar o vento soprar sem nada pra imperdir. Mas o que é que estou fazendo nesse estado? Onde foi que eu parei e de onde foi que você me tirou com as suas razões? Eu não sei de mais nada dentro deste espaço criado, e você ás vezes sai correndo e me deixa aqui com a sensação ainda fresca na pele e eu fico esperando um sinal. Mas quando demora mais que ansiedade da minha garganta eu preciso sair correndo porque esse lugar fica grande, enorme, assustador e cheio com a solidão da sua falta. E eu saio sozinha, suando com a abstinência da sua presença e tentando sumir com o atalho da sua imagem na minha cabeça. E apesar de não saber de nada, de não entender essa permanência minha nessa caverna fria, eu me enrolo nas minhas pernas e aguardo sua respiração pra dar de volta o ar que eu preciso pra viver.

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