Sunday, September 26, 2010

Trilogia + 1 final triste

Primeiro dia
Tudo comecou há alguns anos. Se cruzavam nos corredores, e ás vezes num papo com conhecidos em comum. Nada mais de alguns segundos juntos e olhares de relance que raramente se viam. Ela estava começando tudo e ele no meio de mais uma de suas tantas histórias. Passa o tempo. Alguns emails com uma intimidade estranha, sem precedentes. De repente um medo de ele querer conhece-la melhor, mas ela estava começando tudo...
Fugiu e pronto.
Se ela soubesse que nesta época ele estava sozinho e, se ele soubesse que o namorado dela iria deixa-la alguns meses a frente... Ainda nao era tempo. Foi depois de alguns anos de histórias dele e outros anos de tentativas dela que se encontraram de novo. Com a mesma intimidade estranha. Só que desta vez uma vontade de conhecer mais, de saber mais, de ouvir mais.
Ela queria mais dele e ele deve ter aceitado como bom representante da classe masculina.
Ela não sabia bem o que fazer, estava muito nervosa, coisas de boa moça sabe? E foi quando ele olhou nos olhos dela e tocou seu cabelo que a intimidade deixou de ser estranha.
Tudo fez sentido. Nada era certo. E ela aprendeu uma palavra nova: Maktub.

Segundo dia
Demorou. Ele sumiu. Ela não entendeu nada, mas já que não tinha entendido desde o começo, pensou que aquilo que sentiu devia ter ficado dentro do quarto, e ele trancou a porta no final da noite. Deve ter sido isso.
Ela ficou triste, se sentiu mal e lembrou que não acreditava mesmo em conto de fadas, como podia ter caido nessa?
Ele apareceu.
Ela insistiu em ve-lo, esperou horas, porque sempre foi inconformada e tinha que provar de alguma forma que aquela noite não tinha sido em vão.
Ele chegou, ela estava esperando. Foi um beijo. E tudo estava provado.
Era real.
Ela teve vontade de chorar, mas não disse isso a ele. Queria chorar por não poder ficar ali pra sempre, sentir aquilo pra sempre e ser dele pra sempre. Na saida teve medo de que ele sumisse de novo. Mas ela ia pagar pra ver.

Terceiro dia
Ela não ia escrever. Mas talvez por dever algo para aquela história escreveu. Tudo que pensava. Ela queria ser capaz de dizer tudo na cara dele: dizer que tinha coragem sim de viver aquela história, que toparia sim tudo que aquilo implicava, que queria sim ser toda dele.
Mas não ia dizer. Não era papel dela. Ela era dessas bem mulherzinhas nessa hora. Cada um na sua e cada um no seu papel. A decisão não era dela.
E foi se acostumando com a ideia de que nunca ia espera-lo chegar em casa, nunca ia tomar sol ao lado dele na areia, nunca iriam viajar sem rumo juntos...nunca iam.
Ela também nunca imaginou que ia se acostumar com alguma coisa, já que era inconformada eternamente. Mas por ele se acostumou.
Já que essa era a única maneira de ter um pouquinho dele e ser um pouquinho dele. Se acostumou com a raridade dos momentos juntos, mas pensava sempre em quanto tempo aquele sentimento viveria sem oxigênio...

Morte
Foi saindo dela com cada lágrima derramada...com cada grito de dor, porque toda morte é dolorida, para quem vai e para quem fica. Seu estômago achou que não podia viver sem ele.
Dor de abstinência.
Já que ele era seu vício, a única coisa fora do lugar da sua vidinha de princesa. Por isso teve que tomar medidas drásticas e mata-lo. Aos poucos, lágrima por lágrima, tentando afastar da mente suas lembranças imbecis.
A morte e uma coisa muito triste.
O que fica é apenas uma massa, uma carne sem sentido... Sem vida. Igualzinho ao sentimento dela por ele...
Sem sentido, uma coisa e mais nada, triste...
Morto.

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